segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Coração esmigalhado


Aquela avenida é atravessada
pela rua onde fica a sua casa
e foi lá em frente que eu ouvi você dizer:
"não me apareça mais aqui; não quero mais te ver"
Mas eu ainda espero que você me atravesse;
num lugar da avenida - qualquer um conhece -
uma música estará tocando pra você.
Se você entrar e ouvir uma canção, mas não me sentir
é porque meu peito está ferido
é porque não tenho um coração
esse coração foi repartido.
Quando a gente se apaixona de verdade
tudo é motivo de felicidade;
até coisas que machucam não machucam, não.
As circunstâncias promovem bastante satisfação.
Daí a gente se dá bem, a gente se entende;
se confunde algum detalhe, logo compreende,
até ser surpreendido por um novo amor.
Diz o que eu não fiz
que te faria feliz.
Posso conseguir
conquistar seu coração pra sempre,
ser o seu querido aprendiz,
seu brinquedo;
por favor, me compre.
Acho que vou morrer de amor
e, se morrer, caio aqui mesmo,
mas uma música lançada a esmo
vai me levar
para onde você for.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Poesia da mamãe


Incorrespondência


Não sinta pena de você
sinta pena dos que não conseguiram desamá-la
e largá-la de uma vez
e não foram loucos suficientemente
para esquecê-la em troca
de meras poesias ou
daquilo de que se precisa.
Mesmo que outras tantas nos quisessem
acabávamos dizendo sempre o seu nome
nos momentos de maior prazer
e lá fora - no escuro -
enquanto a casa estava cheia
esperávamos enxergar
a sua imagem nas estrelas
e ouvir a sua voz na brisa.
Mil promessas de se ver outra vez
me mantinham de pé
mesmo que eu não a visse
há dias, há dias, há dias, há dias, há dias.
Sem desculpas!
nem lembranças banais.
Você não precisava ter sido cruel
ninguém ousaria decepcioná-la.
Demorei pra entender
porque fui escolhido para ser
amarrado e imolado
apesar de ter sido fiel
e servir de ironia para todos aqueles que um dia
suspiraram por amá-la.
Você era tudo que todo mundo queria
e eu também.


Mortal na Martinha

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Jardim Nublado


A mesa já está posta
venha agora que estamos sozinhos
não leve a mão ao pão antes da hora
não vá trair o seu coração
não tente se enganar, demora!
não negue-se, não; não negue-se.
Esqueça o que não lhe pertence
e nunca poderá ser seu
rejeite a solidão do escuro
à luz da nossa noite apegue-se.
Talvez a vaidade nos separe
ou nos devore a timidez
o certo é que eu o vi ali
ali onde eu jamais o veria
mas fique até o fim
isso aqui pelo menos não nos fará mal nenhum
eu quis você até a morte
você me quis até aqui.
Me dá um arrepio
me dá um arrepio
esse seu beijo leve
me dá um arrepio
me dá um arrepio
esse seu beijo mau.

Dona Liberdade


Agora que me decidi nunca mais odiar outra vez, aqui estou.
Estes são meus braços - abertos - esperando por vocês.
Mas, por favor! A vida é muito curta;
Relampeja e depois escurece a gente.
De repente somente uma hora lhes peço
Para que eu curta meus sonhos e os traga à tona.
Daí, então, sentido!
Só eu sei do que sou capaz.
A liberdade é a minha dona.